sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Preso no trânsito
Aparece o distribuidor de jornais gratuitos. Será que lhes posso chamar ardinas gratuitos? Ontem usavam cabeleiras laranjas. Hoje carregam uma bandeirinha às costas. No carro a pensar. Quanto ganha um homem para ser ardina gratuito? Terá filhos? A vida dele cabe num mês?
Há quem não mereça sequer uma primeira oportunidade. Quanto mais uma segunda. E há quem, nada disso merecendo, tenha oportunidades ilimitadas. Mas, estava eu no carro a pensar que há cada vez menos pessoas a ter uma oportunidade. Uma oportunidade de jeito. E que há trabalhos que são uma merda. E outros, evidentemente, piores. Muito piores.
Um dia diferente
Terca-feira foi um dia diferente. Pelo menos diferente do que eu estou habituado desde que cheguei aos EUA e passei a ser um imigra.
Sempre gostei de musica e sempre gostei de ver concertos. Enquanto vivia no Porto tive a sorte de ver imensa coisa. E o local onde decorria o espetaculo nao era impedimento para ver o concerto. Porto, Lisboa, Braga, Famalicao, V.N.Gaia, Paredes de Coura, Zambujeira do Mar, Povoa do Varzim, foram os principais locais. Independente do genero Portugal passou a estar na rota da musica internacional. Agora olho para tras e penso quando tinha 12/13 anos e imaginava o que seria ver um concerto de uma qualquer banda internacional importante. Nessa altura pensava que teria de me deslocar a um pais europeu ou aos EUA (ligeiramente ironico) para ver alguma coisa de jeito. Se me dissessem na altura que Portugal iria ter a oferta actual de concertos e ser destino quase obrigatorio das tournees diria que estavam a delirar. Agora sabemos que uma banda apos editar um cd novo, provavelmente ira escolher Portugal como um dos paises a visitar. Claro que nao somos uma Londres ou Berlim mas estamos muito bem. Muto bem, mesmo.
Pois bem, agora que me encontro em Rincon, Georgia, EUA, desejava estar no Porto para poder voltar a ir a espetaculos com a frequencia a que estava habituado.
Em Portugal perdi a conta ao numero de concertos que vi.
Mas aqui nada se passa.....
Mas na 3feira foi um dia diferente. Fui a um concerto. E nao foi um concerto qualquer.
E verdade que nao foi em Rincon. E verdade que foi em Atlanta. E verdade que tive de fazer uma viagem de 4 horas..
Esta viagem serve para provar que um pais com o tamanho de Portugal tem as suas vantagens. Quando por algum motivo uma banda vai dar um concerto a Portugal mas so vai a Lisboa, nao e assim tao dificil metermo-nos num carro e irmos do Porto a Lisboa rapidamente. Em 2h30m chegamos la. Vemos o concerto e regressamos a casa. Fi-lo algumas vezes.
Acho que so quando estamos fora e que comecamos a dar valor a estas coisas "insignificantes"...
E para terminar, de quem foi o concerto? Alguma ideia?
Pois bem, foi dos Wild Beasts!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Especie em via de extincao
Essa especie tem habitos um pouco estranhos como por exemplo; conduz obrigatoriamente uma pick up, exibe de uma forma exuberante a bandeira da confederacao sulista, tem no minimo uma pistola, uma cacadeira e frequentemente uma semi automatica, usa 24/7 o bone, procria mal termina o high school (entre os 18 e 20 anos), tem como desportos favoritos as corridas de Nascar, jogos de futebol americano e levantamento de latas de cerveja, pertence a algum culto religioso (preferencialmente Baptista), trabalha na agricultura, tem como ferias de sonho uma viagem a Florida, e profundamente ignorante achando que Portugal encontra-se na america Latina.
Estas sao algumas das caracteristicas do redneck. Esta e a especie dominante de todo o sul dos EUA, nomeadamente do estado da Georgia. E eu estou rodeado por estas criaturas. Obviamente evito todo e qualquer contacto com elas. Uma vez que o evito esse contacto o meu isolamente e quase total pois eles ocupam a maior parte deste territorio.
O termo Redneck ja vem do final do sec.XIX.e por definicao esse termo aplica-se aos habitantes pobres das vilas, aldeias, cidades rurais, que por norma trabalham no campo e por isso ficam frequentemente com a pele vermelha no pescoco (espaco entre o bone e a camisa/t-shirt).
Sera que eles existem em tamanha quantidade por serem uma especie protegida por uma qualquer ONG?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Marquetingue quê? Não posso ir ao shopping center.
A ideia inicial não podia ser mais simples. Dar uma bicicleta ao miúdo que vai fazer dois anos. Mas para a idade dele é bicicleta sem pedais. Olho para os empregados das lojas e respiro para dentro. Explico que quero com pedais. Habituá-lo à coordenação motora e coisas assim, giras de dizer. Essas, roda 12'', são para os 3/5 anos. Há também estas que são vendidas sem pedais e depois compra a pedaleira e as rodinhas e vai montando. Então, se calhar vou ver se há na IKEA.
Decido procurar sozinho. Uma, outra e outra loja... É só Cars, Spider Man, Gormittis e afins. Não há uma bicicleta sem essas macacadas? Há, há sim senhor. Lindas de morrer. Entre os 200 e 300€. Roda 12'', para 3/5 anos. Oh, que pena. Ele só faz dois...
Encontro depois umas coisas raras. Sem Gormittis e afins. Verde alface com xadrez preto e branco e cornucópias alaranjadas. 79€, bom preço! Mas ao lado sinto a troça dos carros eléctricos de todas as cores e feitios por 59€. Transpiro. Como pode um veículo movido a bateria ser mais barato que uma simples bicicleta?
Mudo de loja. Outra e outra vez. Depois de consultada a mãe alargo a pesquisa a carros a pedais. Eu lembro-me de ter tido um. O miúdo que ainda não tem 3/5 anos também adora volantes. E quer sempre sentar-se nos carros que vê na rua. Daqueles que por 1€ abanam para a frente e para trás. E para um lado e para outro ao som de uma melodia metálica, emitida em mono, que nos entristece de forma silenciosa.
Carros a pedais, carros a pedais... Temos este de arrasto e estes eléctricos. Nenhum com pedais, mas obrigado por explicar. O de arrasto custa 79€. Sem pedais, sem bateria, sem nada. É movido pela criança com os pés, como se estivesse a andar, mas sentado. Fecho os olhos e, em silêncio, insulto o universo. Os veículos eléctricos continuam a sua troça agora para todas as bolsas. Entre os tais 49€ e o salário mínimo. E mais. Como pode um carro de arrasto, a imitar o McQueen, custar mais do que um eléctrico? E pedais? Não podem fazer um kit pedaleira para eu instalar no de arrasto... Vou ter que ir à IKEA.
E finalmente encontro os Mercedes e BMW. A pedais, lindos, que custam 149€ ou 199€ consoante a cilindrada. Mas com pedais. Fico tão satisfeito que quase não estranho o preço. Afinal já só me interessa saber que sim. Que existem carros movidos a pedais. Para exercitar o desenvolvimento motor.
Mas são os Fiat 500 que triunfam. Pequenos, lindos. Sem pedais, eléctricos, e custam 179€. Movidos a bateria accionada pelo pé (é quase um pedal já alucino eu) ou pelo telecomando na mão do pai. velocidade máxima 2,7 km/h. E fico a cismar. Parece tudo articulado entre todas as lojas. Não, não temos o que procura. Lamento. E sorriem nas minhas costas. Tudo para nos fazer aqui chegar e pensar: é mesmo isto que eu queria. Um carro eléctrico que também pode ser movido pelo pai, qual carro telecomandado. Qual bicicleta, qual carapuça. Se é para exercitar as pernas que corra.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
Bill
Porque às terças meto eu música no blogue.
segunda-feira, 19 de setembro de 2011
Marquetingue quê?
Vi no facebook da minha gaja que ela está interessada em ler o novo romance do Valter Hugo Mãe. Isto são modernices à prova do amor. Um tipo percebe nas redes sociais aquilo que a amada quer ter. Neste caso o que quer ler, porque um amigo sugeriu e ela fez like e mais não sei o quê.
Tendo nós conversado sobre o Valter há uns dias considerei uma oportunidade brilhante para um presente. Uma dedicatória sobre o amor que supera redes sociais, ou que delas se alimenta, e mais não sei o quê.
Eu nem gosto do Valter, apesar do autor. Mas também não sei muito bem porquê. Ou como explicaria a minha gaja, porque nunca gostas de ninguém. Mas, hora do almoço, salto à FNAC. Entro, vejo o livro, pego sem perder tempo. Caixa, cartão para aqui, cartão para ali. Obrigado.
Sento-me para a tal dedicatória e vejo, com agrado que a segunda folha está também em branco. Eu não gosto de escrever logo depois da capa. Mas esse branco amarelo desta edição contaminou todo o livro. Está em branco. Tudo. Excepção da capa.
Volto à FNAC. No apoio ao cliente pedem desculpa entre algumas piadas de circunstâncias. A funcionária solicita via telefone novo livro e informam que são todos assim. Trata-se de uma pré-venda. Uma quê? Tenho que trocar o talão de compra pelo livro, o livro, livro mesmo, a partir do próximo dia 23. Este pode ficar para si. E escreva o que quiser.
Estou bastante impressionado com a estratégia de marketing associado a esta edição. Encher uma prateleira de livros só com capa e preço (15,30€ já agora) será assim tão eficaz? Leve este que é a brincar e para a semana venha buscar um completo. Um individuo atento ou com mais tempo para as compras teria, até, folheado o livro. Ou, no limite, saberia a data de edição. Mas os gastos envolvidos nesta campanha são injustificáveis. Eu sei que produzir umas quantas capas a mais e com elas embrulhar papel sem impressão é baratito. Mas quem faz uma pré-compra do livro do Valter? Ainda por cima para oferecer?
Estive para pedir o dinheiro de volta. Mas uma prenda, é uma prenda. Já podes ler o livro, meu amor. Mas só na próxima semana.
notas: gaja, é aqui usado com carinho. Mas isso a gaja sabe. As maiúsculas no nome do autor também são propositadas. Ele que diz que terminou com o uso obstinado das minúsculas. Marquetingue, não é?
sábado, 17 de setembro de 2011
Trovador
terça-feira, 13 de setembro de 2011
a nashville band
Voltaremos sempre ao Porto, não é Luis? Ou voltaremos a ver um concerto nem que seja com a perna partida. Lambchop é coisa comum, aqui no blogue. Liga Lisboa a Savannah, com passagem pelo Porto.
Bom... porque às terças eu meto música. E porque já é tempo do Kurt Wagner e sua trupe voltarem ao seu vício. Oferecerem um novo álbum aqui à gente. Come on progeny.
também podia sugerir este, ou este, este ou este. Isto apesar deles não se dedicarem muito à arte do videoclip.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
Maravilhosa Publicidade
sexta-feira, 9 de setembro de 2011
Lana Del Rey
E na sexta que seria do Luis, meto eu música. O entusiasmo geral em torno de Anna Calvi, por exemplo, confesso, não me atingiu. Mas há, felizmente coisas novas para descobrir. E esta Lana, noviorquina de 24 anos, tem tudo. Uma voz e uma estética embrulhada em canções que podiam ser dos anos 50 ou retiradas de um lânguido road movie de gangsters e solidão poeirenta. Glamour. O mais fácil seria tentar comparações com esta e aquela, como tantas que já pupulam na internet. Mas a Lana, fica, para mim, como Lana.
É, pois, a minha nova obsessão.
O novo vídeo (depois de Video Games - também título do álbum, e Kinda outta Luck) é este delicioso Blue Jeans.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
Lisboa não é província
E lá estava o agente, devidamente fardado, à conversa com dois profissionais da construção, outrora chamados trolhas. Um tunnig aproxima-se e dentro da viatura o rapaz, óculos de sol, boné e música em volume sobre dimensionado para o sistema áudio do seu punto, pergunta: "não posso estacionar aqui?" O agente avança na sua direcção e em breves segundos terá explicado as razões. Regressa para junto do passeio e dos dois homens trabalhadores. O dono do tunning, com o carro parado, atira algo que não se percebe. Depois fez-se ouvir bem. "Vai mas é para o caralho!" e arranca a toda a velocidade gastando, mui desnecessariamente borracha dos pneus e paz do nosso sistema auditivo. "Vai tu primeiro e depois chama-me", grita heroicamente o policial.
Apreensivo, o trolha mais novo arrisca num comentário enquanto o outro só risca o chão com a biqueira da bota. "Eu, se fosse autoridade, não admitia aquilo". Era mesmo isso. "Você deve ser da província, não é?" atira o agente da autoridade enquanto lhe dá uma palmada no ombro. "Vou explicar" continua o senhor agente agora com a mão sobre o ombro do provinciano. "Aqui em Lisboa tem de ser assim, temos de saber usar o pau de dois bicos".
quinta-feira, 1 de setembro de 2011
Você está cheio de cócó mas é muito bonito
Não consigo deixar de ficar surpreendido. Nos parques e nos jardins de Lisboa é uma fartura de pais e mães a tratar os meninos por você. António! Não quer comer um ógurte? Não corra dessa forma.
Será assim também em outras cidades, mas eu apostaria que é um tique mais lisboeta. Pelo menos não tenho memória de tantas ocorrências.
Bem sei que esta já foi uma regra de bons costumes e mais não sei o quê. Mas porque os relacionamentos eram diferentes e os pais eram uma entidade para respeitar. Sobretudo isso. Mas o que achar de uma mãe que empurra um carrinho de bebé e diz você está cheio de cócó, não é? Tão bonito que você é!
Fico particularmente entusiasmado quando vejo alguém abordar a criança e diz que linda menina, como te chamas? Apetece corrigir. Olhe neste caso deve dizer como se chama e não como te chamas.
Carlota tenha cuidado com o vestido. João Maria não tire macacos do nariz! Manuel António fale um pouco mais baixo, por favor. O Dinis já sabe que não pode ir para tão longe.
Limpam-lhe o rabo, dão-lhe de comer, adormecem as crianças, muitas delas saíram mesmo à bruta obrigando-as a gemer.... mais devagar bebé que me está a magoar, que ainda me rebenta todinha... e tratam-nos com alguma distância verbal para não haver abusos.
(Luis Lisboa, dê noticias à gente. Obrigado)