diz-se

domingo, 10 de julho de 2011

eu vou andando

Dantes a carreira fazia-se numa só empresa. Muitos começavam por baixo, como se costuma dizer, e se calhar mesmo de gatas. Alguns chegavam lá cima. Quando os que por lá começavam, ou mesmo os que lá chegavam, deixavam espaço para outras justiças ou para fazer uso de compensação compincha. Outros passavam a vida de gatas. Numa vida profissional, que foi em tempos a única vida que verdadeiramente importava, vivia-se numa só casa. Era o tempo em que não se trocava de mulher (mesmo que outras pudessem ser usadas), não se trocava de clube (sobretudo quem era - e é - do FCP), não se trocava de carro (porque o leasing foi inventado depois) e raramente se trocava de emprego.
Agora é um ver se te avias. Ninguém fica satisfeito por muito tempo. E actualmente com a crise imposta pela troika e com as medidas irracionais de racionalização muitos têm sido dispensados, transferidos, pre reformados ou simplesmente demitidos. Outros fazem-se eles próprios à vida. Pois que isto não está para maluquices e a maior de todas, pode muito bem ser, ficar a fazer o dobro com metade. Metade da paciência e da vontade também.
Há por isso por aí, como sempre houve, umas cartas de demissão que nunca são públicas. Agora e graças ao email há outra nova figura intimamente ligada aos despedimentos que é a mensagem de despedida.Um email enviado a toda a gente da empresa (por vezes também para clientes e fornecedores mas isso é outra história) informando do caso e deixando contactos, ou não, para qualquer outro caso que venha a ser necessário.
O título deste post é o mesmo que alguém escreveu no assunto do email que dava a conhecer que fulana tal se tinha decidido a mudar de ares. A generalidade das pessoas não abandona o tom correcto e formal mesmo em despedida. "É com pena" dizem os que saem por vontade própria e mesmo aqueles que empurrados se fazem a caminho. "É num misto de tristeza e alegria pelo abraçar de novos projectos" dizem também uns e outros. Todos, claro, falam dos tantos amigos que ali fizeram e que levam, exageram, no coração. Uns são verdadeiros. Outros, até no dia da despedida, falsos. Todos procuram deixar claro de quem partiu a iniciativa de terminar a ligação laboral. Mesmo que esteja em entrelinhas.
Creio que todos os que recebem estes emails pensam naquele que um dia escreverão. Alguns tiram apontamentos para memória futura. Muitos ficam tristes. Outros felizes no murmurar do "já foste" sorridente. E outros sabem que nunca vão escrever um texto destes.
O último que recebi, o melhor de todos, terminava assim.

É assim que me despeço. Com um enorme sorriso!

4 coisas a acrescentar:

LL disse...

Todos nos ja recebemos esses mails. Na minha opiniao sao decadentes. independentemente do motivo da saida qual o objectivo desses mails? Enfim...

Ondina Maria disse...

Por acaso, agora q falas nisso, já recebi uns quantos emails desse tipo e a verdade é q alguns são uma verdadeira lavagem de roupa suja. Normalmente só me acontece uma coisa: fico com péssima opinião dos intervenientes na história da carochinha, o q significa q mesmo deixando emails p futuros contactos profissionais, esses nunca serão por mim utilizados.
Ainda gostava de saber o porquê deste tipo de retaliação. Há gente taliban-like sem qq aptência para o ser!

jotaxis disse...

Nos States também emails destes?
Eu, em certos casos, percebo essa comunicação. A minha opinião é que deve ser a empresa a comunicar as entradas e as saídas. Não o fazendo abre a porta a certas acções que podem ser mais ou menos válidas. E, claro, há gente para tudo.

Anónimo disse...

também acho que devia ser a organização a tomar essa 'rédea'. tem-me acontecido com frequência, quando passo mais tempo sem ouvir as informações de corredor na escola, receber os mails dos próprios a despedirem-me, sem que a organização tivesse transmitido de antemão quem vai sair, quem substitui, etc. e tem sido cada mail [as entrelinhas são lixadas]... :)

xana

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