diz-se

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Norte (parte I de muitas)

Viajar para o norte interior de Portugal é sempre uma aventura. Enquanto avançam, melhor dizer, continuam, as mil e uma obras de construção e remodelação de estradas, o resto é uma explosão de sentidos. O IP4 é um calvário. Os desvios são nesta fase tão bizarros que chegamos a estar em terriolas sem nome ou no centro de Vila Real parados em passadeiras para peões. Fiquei no entanto com vontade de ir, com tempo, a Jerusalém do Romeu. O azul dos escritos nas paredes, o museu das curiosidades "venha ver coisas que nunca viu" ou a inscrição na escola primária num azulejo perfeito. "Aqui ensinamos a servir a pátria".
Mais adiante, em Mogadouro, a construção do novo IC5 em linha paralela com a actual, e muito decente, N221 deixa-me perplexo sobre prioridades, investimentos públicos, reduções de salários, adjudicações de concursos e afins.
Mas é a rádio que me encanta. Nestas viagens procuro ouvir rádios locais. Os anúncios são espantosos. Ouvi listas de supermercado ao detalhe, a ementa da Marisqueira Perdiz, ou os serviços de activação, troca de equipamentos e outros serviços na única loja ZON da região no hipermercado Pingo Doce. Os discos pedidos continuam a reinar. As pessoas ligam e o apresentador trata-as pelo nome por reconhecer a voz. Falam dos filhos, das férias, da saúde, combinam almoços e despedem-se num delicioso até amanhã.
Descobri o Graciano Saga, o Zé da Bicicleta da Joana a quem todos querem dar uma ou o DJ Lorenzo que agora tem carreira internacional e está de regresso à terra para as festas de verão.
Voltei a ouvir as Tentações e fiquei a saber que as funerárias terminam os anúncios com um belo "porque o livro da vida também tem uma última página".
Eu sou do norte. Disso tenho a certeza. Sigo para sul, para o Algarve. As primeiras férias em Agosto nesse espantoso destino turístico. Nessa semana pensarei muitas vezes no Restaurante Estoril do Chefe Manuel e da Dona Maria.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Depressão

Nenhuma das minhas funções profissionais é equiparável à contratação de novos colaboradores ou à dispensa dos que comigo trabalham. Analisar candidaturas é, dentro disso, o pior. Miserável, mesmo.
Não me é permitido contratar colaboradores que não possam chegar via IEFP. Ou seja, estágio profissional que é em parte, substancial, suportado pelo IEFP. Não posso, ou pude poucas vezes, manter os estagiários que se evidenciam. Que merecem. Por uma questão puramente financeira giro um departamento volátil. (Actualmente, um destes estágios significa 9 meses de trabalho com uma remuneração à volta dos 700 euros)
Mas depois, eis que chega o momento das candidaturas. Os erros ortográficos, os anexos prometidos que não chegam em anexo, aqueles que num email explicam tudo e os que não escrevem nada. Nada. As elevadas proficiências, os conhecimentos aprofundados de internet, o gosto generalizado pela leitura. As viagens, a música e o cinema.
Desta vez vi muitos eliminar a data de nascimento. Outros, tantos, a suplicar uma entrevista mesmo assumindo que não estão dentro do perfil exigido. Há aqueles que escrevem sobre a empatia e facilidade de interagir com outrem e todos têm aptidões disto e daquilo. Há quem envie o curriculum no modelo europass e sublinhe a criatividade como característica. Há outros que enviam páginas em branco. Outros são padeiros, jardineiros, empregados de mesa, bodypiercers mas todos são formados em design. Alguns não sabem  trabalhar em photoshop, illustrator, freehand, indesign. Nada. Há quem garanta ter visão espacial.
Já tive miúdos que interrompem a entrevista a chorar porque não conseguem respirar de tão apertado que levavam o nó da gravata. E eu sou dos simpáticos que nem gravata usa. E já tive uma miúda, brasa, que chegada à porta me garantia que o melhor seria entrevistar também a amiga que trouxera. Porque, mesmo garantindo eu que só tinha uma vaga, ela só trabalharia se a amiga fosse também admitida. A uma outra perguntei-lhe como era a relação dela com a fotografia. Respondeu-me que sim. Que o namorado a fotografava muitas e muitas vezes. E corou. Já contratei uma por ter sido a única nesse dia (faço as entrevistas num só dia) que pousou a carteira na cadeira ao lado. Todas as outras se agarraram à mala que parecia colada ao colo. Já fui criticado por algumas opções. Nunca me arrependi de nenhuma.
Para a semana escolherei mais um OSCI. Um privilégio.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Brother Alexander & the Magnetic Zeros

"After breaking up with his girlfriend, moving out of his house with his lifelong friend Nicholas Raymond Kellen, and leaving a 12-step program for addiction, Ebert began work on a book about a messianic figure named Edward Sharpe.[6] According to Ebert, Sharpe "was sent down to Earth to kinda heal and save mankind...but he kept getting distracted by girls and falling in love." Ebert later met singer Jade Castrinos outside a downtown Los Angeles cafe.[7] In the summer of 2009, as Edward Sharpe & the Magnetic Zeros, Ebert and Castrinos toured the country with a group of fellow musicians in a big white bus. Their first show in 2009 was Marfa, Texas at the Marfa Film Festival.[6] The band recorded their debut album, Up From Below, in Laurel Canyon produced by Airin Older and Nico Aglietti. It was released on July 14, 2009." From Wikipedia

Nos últimos anos esta banda, e o Alexander Ebert com o seu fabuloso álbum a solo (2011), são presença constante na minha playlist. Ontem estiveram no Conan Concert Series.


segunda-feira, 18 de julho de 2011

D'América

A minha América, como a de tantos da minha geração (e mal posso crer que escrevi isto) é algo construído via televisão e cinema. Há cerca de 15 anos uma amiga foi para lá estudar. E casar e mais não sei o quê. Na primeira visita a Portugal disse-me aterrorizada."Aquilo é tal e qual como nos filmes". Entretanto regressou com o marido americano e vivem no Algarve. Olhão, segundo últimas notícias.
Eu nunca quis ir aos States. Tive, e tenho, outras prioridades.  Entretanto ainda cá estava o Luís, parceiro deste blogue, e já nos divertíamos com o Jon Stewart e o seu Daily Show. Agora gravo o programa. As maravilhas da tv por cabo deixa a coisa em automático e tenho um vasto leque de shows para ver, que entretanto, registe-se, passou também para a SIC Notícias além de se manter Radical.
O programa de June 1st (ver aqui na time line) é perfeito para explicar este fenómeno. E a minha obsessão. Neste programa, Stewart e a sua trupe, que nunca se esquece de referir e elogiar, dedicaram atenções ao caso Weiner e cruzou duas personagens favoritas: Palin e Trump. Encontraram-se estes para comer pizza em Nova Iorque. Pelo meio, maravilhoso, uma dúzia de sugestões gastronómicas para quem viajar para Nova Iorque em breve. Mas depois, e isso sempre me fascinou, uma entrevista rara na televisão. Curta, digna e preciosa. Bill Moyers (que não é feito de espuma nem de feltro como foi apresentou) começa desta forma a conversa: Perceber a diferença entre o importante e o imediato. Porque o imediato nem sempre é o mais importante.
Vejam e façam a contextualização.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Saudosismo?

Bem sei que já não e uma musica muito recente uma vez que o álbum ja conta com alguns meses. Alem disso, para quem vive em Lisboa e habitualmente ouve a Radar já deve estar um pouco farto dela no entanto tenho ouvido o álbum homónimo da Anna com alguma insistência. E ainda não me cansei.
A britanica tem "panache". A musica dela transpira um misto de western spaguetti com um melodrama gótico. E para culminar a voz dela lembra-me a Siouxsie Sioux dos fantásticos e saudosos Siouxsie and the Banshees. Se calhar sou eu que não estou a ouvir bem e no fundo a voz dela em nada se assemelha a Sioux no entanto a mim parece-me. E parece-me muito bem ate.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Meu querido mes de Agosto

Nao sou so eu que acho estranho os costumes dos americanos. Tambem eles nao entendem os nossos...

Agosto. O belo do mes das ferias. Aproxima-se rapidamente o mes de ferias por excelencia de Portugal e porque nao da Europa e durante o qual a grande maiora da populacao goza umas “merecidas” ferias”, fazendo parar nacoes.

Pois bem, em conversa com uma colega de trabalho, ela acha deveras estranho o facto de uma grande parte das empresas em Portugal e na Europa fecharem em Agosto. E nao fecham apenas alguns dias. Ela nao entende como isso e possivel. Questionava-se ela como isso era possivel, como os consumidores tinham acesso aos produtos e servicos. Foi necessario explicar que tudo esta formatado dessa forma e que tudo funciona. As empresas sabem que durante esse mes sera dificil obter mat.prima e por isso fazem o seu planeamento de compras com a devida antecedencia (as que fazem, obviamente).

De realcar que nos EUA a unica altura em que as empresas diminuem um pouco a actividade e na semana entre o Natal e Ano Novo. O resto do ano nao sofre oscilacoes.

Qual sera o formato ideal? Europa ou EUA?

terça-feira, 12 de julho de 2011

às terças eu meto música....

... às sextas é o Luis.
A minha última (uma das minhas últimas muitas) obsessões.
São, dizem, de Toulouse, France.

Dry Eyes by Uniform Motion from Uniform Motion on Vimeo.

domingo, 10 de julho de 2011

eu vou andando

Dantes a carreira fazia-se numa só empresa. Muitos começavam por baixo, como se costuma dizer, e se calhar mesmo de gatas. Alguns chegavam lá cima. Quando os que por lá começavam, ou mesmo os que lá chegavam, deixavam espaço para outras justiças ou para fazer uso de compensação compincha. Outros passavam a vida de gatas. Numa vida profissional, que foi em tempos a única vida que verdadeiramente importava, vivia-se numa só casa. Era o tempo em que não se trocava de mulher (mesmo que outras pudessem ser usadas), não se trocava de clube (sobretudo quem era - e é - do FCP), não se trocava de carro (porque o leasing foi inventado depois) e raramente se trocava de emprego.
Agora é um ver se te avias. Ninguém fica satisfeito por muito tempo. E actualmente com a crise imposta pela troika e com as medidas irracionais de racionalização muitos têm sido dispensados, transferidos, pre reformados ou simplesmente demitidos. Outros fazem-se eles próprios à vida. Pois que isto não está para maluquices e a maior de todas, pode muito bem ser, ficar a fazer o dobro com metade. Metade da paciência e da vontade também.
Há por isso por aí, como sempre houve, umas cartas de demissão que nunca são públicas. Agora e graças ao email há outra nova figura intimamente ligada aos despedimentos que é a mensagem de despedida.Um email enviado a toda a gente da empresa (por vezes também para clientes e fornecedores mas isso é outra história) informando do caso e deixando contactos, ou não, para qualquer outro caso que venha a ser necessário.
O título deste post é o mesmo que alguém escreveu no assunto do email que dava a conhecer que fulana tal se tinha decidido a mudar de ares. A generalidade das pessoas não abandona o tom correcto e formal mesmo em despedida. "É com pena" dizem os que saem por vontade própria e mesmo aqueles que empurrados se fazem a caminho. "É num misto de tristeza e alegria pelo abraçar de novos projectos" dizem também uns e outros. Todos, claro, falam dos tantos amigos que ali fizeram e que levam, exageram, no coração. Uns são verdadeiros. Outros, até no dia da despedida, falsos. Todos procuram deixar claro de quem partiu a iniciativa de terminar a ligação laboral. Mesmo que esteja em entrelinhas.
Creio que todos os que recebem estes emails pensam naquele que um dia escreverão. Alguns tiram apontamentos para memória futura. Muitos ficam tristes. Outros felizes no murmurar do "já foste" sorridente. E outros sabem que nunca vão escrever um texto destes.
O último que recebi, o melhor de todos, terminava assim.

É assim que me despeço. Com um enorme sorriso!

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Deixo-vos uma das perolas do ultimo album dos Wild Beasts. O que dizer sobre este quarteto genial que reune de forma brilhante a electronica com melodias divinais tendo como cereja no topo do bolo a voz de Hayden Thorpe. A voz instrumental de Thorpe varia desde o falsete ao rosnar de um buldog tornando cada musica uma palete de surpresas. 


terça-feira, 5 de julho de 2011

sons lisboetas

São portanto lisboetas. E creio que assim se pode dizer tal como se diz dos bracarenses Mão Morta, ou que são de Seattle os Nirvana, os Joy Division de Manchester ou os Lambchop de Nashville. Parece que as bandas são de locais geográficos antes, ou apesar, de serem, ou poderem ser de todo o lado. Os mui buenos You can´t win Charlie Brown são de Lisboa. E são a mais entusiasmante surpresa de 2011. Sendo que a última frase pode ser um absurdo excessivo.
O som no blogue tinha de começar por ser português. Ainda que não necessariamente lisboeta. Já está.

domingo, 3 de julho de 2011

Ignorancia

Quem me conhece sabe que que nunca fui muito preconceituoso. E obvio que, como todos, tambem tenho ideias pre concebidas sobre os mais diversos temas.
Um dos preconceitos vulgarmente aceites e que eu sempre achei perfeitamente idiota diz respeito a ignorancia generalizada do povo americano. Sempre achei que era uma forma dos europeus tentarem inferiorizar a supremacia norte americana. Claro que a minha propria opiniao tambem era uma ideia pre concebida, sem qualquer prova.
Pois bem, agora vim parar a Rincon, Georgia, e ja posso comprovar in-loco qual a versao correcta. Obviamente que nao posso generalizar mas sem duvida que me inclino mais para o oposto do que pensava antes de vir para ca.
Mas mais do que propriamente a ignorancia, o que mais chama a atencao sao os habitos e costumes. Claro que se pode alegar que vim parar a uma area rural mas a verdade e que os EUA sao constituidos maioritariamente por zonas rurais, pequenas vilas e aglomerados populacionais e depois uma ou outra cidade grande.
Portanto a maioria da populacao nao se encontra nessas grandes metropoles estando localizada nessas pequenas aldeias. Assim o local onde vivo acaba por ser um retrato da maioria da populacao norte americana.
Obviamente havera estados em que a populacao e diferente mas eu apenas posso falar do que me rodeia.
A desenvolver....

sábado, 2 de julho de 2011

+ - 6404 km



















Parece que é isto. A distância. Se quisermos reduzir distância a kms, este blogue carrega mais de 6 mil quilómetros.